segunda-feira, 4 de junho de 2012

Há, a.

Há, a.

1 - Há indica passado e pode ser substituído por faz: Eles saíram há muito tempo. / Os homens chegaram há pouco. Eles saíram faz muito tempo. / Os homens chegaram faz pouco.

2 - A exprime distância ou tempo futuro: As eleições ocorrerão daqui a dois meses. / De hoje a três dias correrá o prazo. / O avião estava a cinco minutos de São Paulo. Repare que em nenhum dos casos o "a" pode dar lugar a "faz".

OBS: "Há algum tempo atrás" é absolutamente redundante, visto que o "há" já indica passado.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Variação Linguística: Que isso, meu Deus?

Em uma conversa com Portuga, ele dizia que...

A língua portuguesa, assim como grande parte das línguas existentes no mundo, não se apresenta de forma homogênea (forma igual, uniforme). Isto é, sofre variações, e essas variações acabam por diferenciar o falar dos brasileiros. Isso ocorre porque a língua, em constante movimento, é utilizada de acordo com a vontade dos falantes. Ela varia de região para região, de classe social para classe social, de faixa etária (faixa de idade) para faixa etária, etc. Podemos dizer que até individualmente essa variação ocorre, pois um mesmo falante pode utilizar diversas variantes em diferentes situações.

Interessante é lembrar, quando tratamos de variações lingüísticas, que não existe uma hierarquia entre as variações (ou seja, um modo de falar não é melhor, nem "mais" correto que outro). Não existe uma escala de importância ou valor. Existe, por sua vez, uma adequação aos usos dessas variedades, assim como acontece com nossas vestimentas. Não vamos à praia de terno, nem de sunga a um escritório. Da mesma forma, não falamos no bar como deveríamos falar em uma palestra, nem falamos na escola como estamos acostumados a falar em um estádio de futebol.

Percebemos a variação lingüística nos diversos níveis de linguagem, seja no vocabular (palavras), no fonológico (sons), no morfológico (estruturas). E é importante percebê-los como prova de uma variação cultural vasta e ilimitada.

Vejamos abaixo alguns tipos de variações linguísticas:

Variação Regional: Aqui percebe-se a variação existente entre pessoas de regiões diferentes. Percebam que a entonação e o sotaque são diferentes. As pessoas também utilizam palavras distintas para fazer referência ao mesmo objeto.

Texto de Guimarães Rosa (Representando o falar mineiro)

"E eu levava boa matalotagem, na capanga, e também o binóculo. Somente o trambolho da espingarda pesava e empalhava. Mas cumpria com a lista, porque eu não podia deixar o povo saber que eu entrava no mato, e lá passava o dia inteiro, só para ver uma mudinha de cambuí a medrar da terra de-dentro de um buraco no tronco de uma camboatã; para assistir à carga frontal das formigas-cabaças contra a pelugem farpada e eletrificada de uma tatarana lança-chamas; para namorar o namoro dos guaxes, pousados nos ramos compridos da aroeira (...)"

(João Guimarães Rosa, São Marcos, in: Sagarana)

Texto de Simões L. Neto (representando o falar gaúcho)

"Vancê pare um bocadinho: componha seus arreios, que a cincha está muito pra virilha. E vá pitando um cigarro, enquanto eu dou dois dedos de prosa àquele andante ... que me parece que estou conhecendo ... e conheço mesmo! ... É o índio Reduzo, que foi posteiro dos Costas, na estância do Ibicuí. "

(Simões Lopes Neto, Contos gauchescos e lendas do sul)


Texto de José Lins do Rego (representando o falar nordestino)

"Chegou a abolição e os negros do Santa Fé se foram para os outros engenhos. Ficara somente com Seu Lula o boleeiro Macário, que tinha paixão pelo ofício. Até as negras da cozinha ganharam o mundo. E o Santa Fé ficou sem os partidos no mato, com o negro Deodato sem gosto para o eito, para a moagem que se aproximava. Só a muito custo apareceram trabalhadores para os serviços do campo. Onde encontrar mestre de açúcar, caldeireiros, purgador?"

(José Lins do Rego, Fogo Morto)

Variação Social: Esse tipo de variação ocorre através da diferença social entre as pessoas. O poder aquisitivo e o nível de escolaridade são muito associados a essa variação.

Variação Etária: A variação etária realiza-se através das diferentes faixas etárias de uma mesma pessoa, que ao longo da vida adquire diferentes maneiras de falar, e de pessoa para pessoa, visto que pessoas com idades diferentes possuem posturas distintas e por sua vez, modos diferentes de expressão e linguagem.

Exemplo: - Ô velho, já faz um tempão que sou dono do meu nariz..Sempre batalhei, arrumei um trampo, dou um duro danado! Me empresta o carango pr’eu sair com a gata hoje? O pai responde: Só se você conseguir traduzir o que disse para uma linguagem que eu gosto de ouvir de meu filho!

Variação estilística: A variação estilística considera um mesmo individuo ao utilizar diferentes variações em situações diferentes: dentro de seu ambiente familiar, no trabalho, com os amigos, etc.

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Variação de Registro (Variação que ocorre em função do receptor e da mensagem)

Grau de formalismo: Em suas diferentes possibilidades de comunicação, o usuário da língua deve estar atento ao receptor de suas mensagens para que possa adequar o seu grau de formalidade de acordo com que é exigido pela situação. Aqui situam-se as variantes formais e informais.

Modalidade: A modalidade faz referência ao uso escrito ou oral.


Obs: Chamados cada item dentro da variação de variedade linguística. Isto é quando observamos cada "forma" de utilizar a língua, a chamamos de variedade.



domingo, 13 de fevereiro de 2011

Gêneros Textuais?

Portuga, sempre que pergunto para os meus alunos o que são gêneros textuais, eles sambam, gingam, suspiram, mas nunca vão direto ao ponto. Quando peço um exemplo, de vez em quando surgem uns palpites ainda um pouco envergonhados. Acho que está na hora de recordar...

Gêneros textuais são modelos de texto cuja função comunicativa é socioculturalmente reconhecida por uma comunidade. Além de terem suas funções estabelecidas, os gêneros também caracterizam-se através de um tipo espefícico de organização, de estrutura gramatical, de vocabulário, de contexto em que circulam, entre outros. Em outras palavras, gêneros são modelos que atendem a uma demanda discursiva específica.

Por exemplo, uma receita tem como função sociocultural "ensinar" a fazer determinado produto/alimento. Além disso, tem um formato único que o diferencia dos demais gêneros: contém uma lista de ingredientes e um tópico com as instruções de como fazer.



Dessa forma, quando reconhecemos o formato (layout) de uma receita e conhecemos sua finalidade, sabemos que não estamos lendo uma notícia, uma crônica ou uma história em quadrinhos. Também são exemplos de gêneros: o email, a carta, o conto, o romance, o verbete, a bula, a poesia, etc.

Até a próxima carona!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Comandos de Questões

Perdeu essa carona? Eis aqui uma revisão.

De início pode parecer estranho estudar esses tais comandos de questões. Mas na prática, prática mesmo, estudá-los nos fará um bem enorme, visto que todos esses comandos aparecem constantemente nas provas e nos exercícios que realizamos dentro e fora de sala de aula.

A começar, comandos de questões são verbos no imperativo, e por estarem nesse modo verbal, normalmente sugerem uma ordem ou uma instrução. Ao conhecê-los, somos capazes de corresponder ao que está sendo pedido nas questões. Quando não conseguimos compreendê-los, não mais estamos tão aptos a responder as questões com segurança e clareza.

Disponibilizo abaixo uma lista com uma quantidade razoável de comandos. É importante que uma pesquisa sobre significados e definições seja feita a partir de um dicionário. Aproveite os links ao lado para realizar essa tarefa.

Lembre-se de que ao pesquisarmos no dicionário, encontraremos diversos significados e exemplos para um mesmo vocábulo. Devemos sempre optar por aquele que melhor definir o comando quando pensamos em questões. Não esqueça de procurar os verbor no infinitivo. Afinal, não há entrada para verbos flexionados no dicionário. Se você deseja procurar "cite", certamente deve procurar "citar".

Lista:
Cite - Discorra - Explique - Comente - Compare - Discuta - Disserte - Justifique - Classifique - Complete - Destaque - Resuma - Assinale - Relacione - Selecione - Retire - Transcreva - Retire - Diferencie - Exemlifique - Critique - Analise

Siga o exemplo em seu caderno:

Cite (Citar)
! Fazer menção ou referência a algo (ex.: citou as vantagens e as desvantagens). = mencionar, referir
². Apontar, indicar, referir (texto, fato, etc.).

Discorra (Discorrer)
¹. Discursar, falar.
². Pensar, raciocinar, examinar.

Explique (Explicar)
!. Dar explicação.
². Falar com clareza.
³. Tornar claro e evidente.


Bom trabalho e até a próxima!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Frase, Oração e Período

Portuga, taí um assunto fácil que causa bastante confusão. Na hora de diferenciá-los, é preciso atenção! Na comunicação, expressamo-nos através de uma frase, de uma oração ou de um período. Vejamos as diferenças abaixo:
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É Frase....

Toda palavra ou conjunto de palavras que constitui/constituem um enunciado de sentido completo. As frases podem ser verbais (quando possuem verbo ou locução verbal) ou nominais quando o sentido está centrado em um nome. um dica boa é que as frases terminam em pontos-finais, de interrogação ou exclamação.
Exemplos?

Que dia lindo! (nominal)
Silêncio! (nominal)
Lombada na pista. (nominal)

Recebeu a noticia assustado. (verbal)
Ajeitou o vestido no corpo. (verbal)
Correu do perigo. (verbal)
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É Oração...
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Enunciado constituído com um verbo ou uma locução verbal.
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Exemplo?
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Espera, menino!
Os candidatos apresentaram-se, hoje, na televisão.
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É Período...
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O período é constituído por uma ou mais orações. O período que possui apenas uma oração (oração absoluta) é chamado de período simples, e o período que possui mais de uma oração é chamado de período composto. O período também se encerra no ponto-final, de interrogação ou de exclamação.
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Observe:
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O avião sobrevoou a pista. (1 verbo - 1 oração, período simples)
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Percebeu que estava atrasado. (2 verbos - 2 orações, período composto)
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"As coisas trazem a marca de sua existência." (1 verbo - 1 oração, período simples)
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"Abrace sua loucura antes que seja tarde." (2 verbos - 2 orações, período composto)
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"Em luta, meu ser se parte em dois. Um que foge, outro que aceita."
____________1º período -> simples _______________ 2º período -> composto por 2 orações
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Até a próxima carona... ;]

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

As Conjunções Coordenadas (ou Coordenativas)

De forma geral, entendemos a conjunção como o elemento que liga orações ou, dentro de uma mesma oração, termos que tenham o mesmo valor ou função. As conjunções coordenativas, de forma específica, ligam palavras ou orações de mesmo valor ou função sintática independentes entre si, isto é, que não precisam umas das outras para existir já que não fazem parte uma da outra.

Quando lemos "As meninas crescem, amadurecem e saem de casa." estamos diante de três informações:

[1ª] As meninas crescem.

[2ª] As meninas amadurecem.

[3ª] As meninas saem de casa.
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São três informações independentes, livres umas das outras (tanto no significado quanto na forma sintática - possuem sujeito, predicado, etc) que estão apenas ligadas por um conector de adição (pois adiciona ideia de somar, acrescentar).

Outro Exemplo:

“Cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém”
(A conjunção ligou os termos Cautela e Caldo de galinha, termos de mesma função sintática)

Outro:


“Ele estava na rua e assistiu a tudo.”
(A conjunção ligou duas orações que possuiam, nesse caso, o mesmo sujeito - ele)

De novo:

"Saí porque deu vontade."
(A conjunção porque ligou as orações "Saí" e "Deu vontade")

Importante: Quando dois ou mais vocábulos com valor de apenas uma conjunção se agrupam, denominamos locução conjuntiva ou conjuncional. (não só/ mas também, por isso, etc)

Tipos de Conjunções Coordenadas e seus valores semânticos


Primeiro de tudo, é valido salientar o que é esse "raio" de valor semântico que a professora tanto fala. Ora! Tudo que tem a ver com semântica é, na verdade, relativo ao significado, visto que na língua portuguesa, semântica é a área responsável pelo estudo dos significados das palavras, das expressões, dos enunciados, etc. Quando falamos em valores semãnticos de conjunções, estamos falando do significado que elas atribuem quando colocadas onde é necessário. Quando sentenciamos "Cheguei atrasado porque o trânsito estava terrível", utilizamos a conjunção "porque" para realizar uma explicação. Seu valor semântico, portanto, é explicativo. Dessa forma, classificamos as conjunções coordenadas ou coordenativas em cinco tipos possíveis:


Aditivas: servem para ligar dois termos ou duas orações de mesmo valor sintático, estabelecendo entre eles uma ideia de adição, de acréscimo, de somatório. São elas: e, nem (= e não), que, não só... mas também. Exemplo: Ele não respondeu minhas cartas, nem meus telefonemas.

Adversativas: ligam dois termos ou orações, estabelecendo entre eles uma relação de oposição, contraste, ressalva. São elas: mas, porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto, e (com valor de mas). Exemplo: A mulher chamou imediatamente o médico, mas ele não veio.

Dica: Lembre-se que adversário é aquele que sempre joga em um time contrário, oposto ao seu. Em analogia, as conjunções adversativas representam ideias que não jogam juntas, jogam de forma oposta, contrária.

Alternativas: ligam palavras ou orações, estabelecendo entre elas uma relação de alternância ou exclusão. São elas: ou, ou ... ou, já ... já, ora ... ora, quer ... quer. Exemplo: O mecânico ora desparafusava o motor do carro, ora juntava outras peças espalhadas pelo chão.

Conclusivas: introduzem uma oração que exprime conclusão em relação ao que se afirmou anteriormente. São elas: logo, pois, portanto, por conseguinte, por isso, assim... Exemplo: Meu irmão estudou muito o ano inteiro, por isso passou direto em tudo.

Explicativas: ligam duas orações de modo que uma das orações justifica ou explica o que foi ou será dito. São elas: que, porque, porquanto... Exemplo: Vá rápido, porque está começando a chover.

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Valeu, portuga!!!

Coordenação

C-o-o-r-d-e-n-a-ç-ã-o?

Ora! Na escola, quando pensamos em coordenação, pensamos logo na coordenadora, aquela pessoinha que sempre vem na sala dar bronca e que também é responsável por várias outras atividades escolares.

Na língua portuguesa, a coordenação é um fenômeno parecido com a atividade que essa pessoinha realiza (esqueçam nesse momento a questão das broncas). Coordenação aqui é o resultado do ato de "coordenar elementos". Nesse sentido, é como dizer "ordenar elementos" ou "organizar em ordem".

Assim como a coordenadora da escola coordena os professores, os alunos e os inspetores, as conjunções coordenativas coordenam termos de mesma função e até mesmo orações sintaticamente inteiras (quero dizer: completas, independentes - com sujeito, predicado, objetos, etc).


Vejamos o que os gramáticos dizem a respeito da coordenação:

Segundo Kury (2002), “se todas as orações de um período são independentes, isto é, têm sentido em si mesmas, e poderiam, por isso, constituir cada uma um período, diz-se que o período é composto por COORDENAÇÃO. Exemplo: “Aqui estou, aqui vivo, aqui morrerei”

Para Celso Luft (1978), “período composto por COORDENAÇÃO: só tem orações independentes” Exemplo: “As saudades me convidam, os suspiros me põem a mesa.” (Quando Celso diz "independentes", ele quer dizer que as orações não dependem umas das outras, podem existir sintaticamente de forma isolada)

Rocha Lima (1998) defende que “A comunicação de um pensamento em sua integridade, pela sucessão de orações independentes – eis o que constituí o período composto por COORDENAÇÃO”

Em Cunha & Cintra (1985) notamos que em “As horas passam, os homens caem, a poesia fica” vemos que as três orações são da mesma natureza, pois: a) são autônomas, INDEPENDENTES, isto é, cada uma tem sentido próprio; b) não racionam como termos de outra orarão, nem a eles se aferem: apenas, uma pode enriquecer a com o seu sentido a totalidade da outra. A tais orações autônomas dá-se o nome de COORDENADAS e o período formado por elas se diz período composto por coordenação.

Bechara (1987) afirma que "Chama-se coordenação a seqüência de orações em que uma não exerce função sintática de outra. Exemplo: — Ouve e obedece aos teus superiores."

Pescou? Então até a próxima carona!